Top 10: os melhores compositores de MPB

Desta vez, uma seleção com setes grandes nomes da composição em MPB.

Neste podcast de BMQS, apresentamos um Top 10 diferente: uma lista com sete grandes nomes de compositores de Música Popular Brasileira (MPB) de todos os tempos. Realmente, a lista poderia ser infinita, mas como temos que começar por algo, confere abaixo os protagonistas deste podcast.

Top 1: Aldir Blanc Mendes: o gênio antissocial

Fonte: Wikipedia.

Nosso primeiro protagonista é Aldir Blanc Mendes que, em cinco décadas de atividade, compôs mais de 600 canções, com quase 50 colaboradores diferentes, entre eles Guinga, Moacyr Cruz, Cristovão Bastos, Maurício Tapajós e Carlos Lyra.

Boêmio, bebedor e fumante inveterado, durante muitos anos frequentou bares e boates do Rio de Janeiro, em busca da melhor música do momento. Em 1971, conheceu, por intermédio de um amigo, João Bosco, formando uma das duplas musicais mais importantes da cena brasileira. De fato, suas composições fascinaram Elis Regina, que se tornou uma das principais intérpretes da dupla, gravando até 20 músicas de sua autoria.

Um dos maiores sucessos de sua carreira foi “O bêbado e a equilibrista”, que apareceu no LP Essa Mulher, e cuja melodia é inspirada em Smile, de Charlie Chaplin. Sua letra tornou-se popular entre os exilados pela ditadura militar e se tornou um símbolo do movimento pela anistia de 1979. De caráter recluso, Aldir Blanc desenvolveu uma forte fobia social, agravada em 1991 por um acidente de carro que lhe causou danos na perna esquerda. Antes de morrer, afetado pela COVID-19, vivia quase recluso em seu apartamento na Tijuca, entre seus discos e seus livros.

Top 2: Zé Ramalho ou como manter o ritmo

Fonte: site oficial de Zé Ramalho.

José Ramalho Neto, mais conhecido como Zé Ramalho, foi criado por seu avô após a morte prematura de seu pai, afogado em uma represa. Em João Pessoa, capital da Paraíba, nosso protagonista assistiu a vários shows da Jovem Guarda, e começou a receber influências de grandes artistas nacionais e internacionais como Renato Barros, Leno e Lílian, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Golden Boys, The Beatles, Rolling Stones, Pink Floyd e Bob Dylan.

Misturando rock, forró e psicodelia, em 1975 gravou seu primeiro álbum Paêbiru, junto a Lula Côrtes e, um ano depois, seu primeiro trabalho solo que apareceu com seu próprio nome Zé Ramalho. Após muitas idas e vindas, um grande declínio de popularidade nos anos 80 e um novo ressurgimento no início dos anos 2000, Zé Ramalho continua ativo, lançando discos, coletâneas e até covers dos Beatles e Bob Dylan.

Top 3: Belchior, só um rapaz latino-americano

Fonte: Wikipedia.

Belchior é um dos membros do conhecido como Pessoal do Ceará, que inclui nomes como Fagner, Ednardo e Rodger Rogério. Homem letrado e religioso, estudou filosofia e quatro anos de medicina, carreira que abandonou para se dedicar à música. Como todos na época, participou de festivais da canção e até ganhou o IV Festival Universitário do Rio de Janeiro em 1974, com a canção “Na Hora do Almoço”. Nesse mesmo ano, atuou em escolas, teatros, hospitais, penitenciárias e até fábricas e gravou seu primeiro LP.

Alucinação foi seu segundo trabalho, lançado dois anos depois pela Polygram, que consolidou sua carreira. Neste disco, encontramos canções icônicas como “Velha Roupa Colorida”, “Como Nossos Pais” e “Apenas Um Rapaz Latino-Americano”, talvez uma das mais conhecidas. Seus últimos anos foram marcados por polêmicas, afastamento do trabalho e de sua profissão, processos judiciais, contas exorbitantes em hotéis sem pagamento e desaparecimentos intencionais, até falecer em 30 de abril de 2017, aos 70 anos de idade.

Top 4: Djavan ou como quebrar moldes

O caminho para o estrelato de Djavan foi uma mistura de sorte e muito talento. No Rio de Janeiro, ele trabalhava em boates até que um amigo o apresentou a João Araújo, então presidente da Som Livre, que o levou para a TV Globo para cantar trilhas sonoras de novelas de sucesso. Durante os três anos em que se dedicou à TV, compôs em seu tempo livre mais de 60 canções, conseguindo, com uma delas, “Fato Consumado”, o segundo lugar no Festival Abertura da Rede Globo. Graças a isso, em 1976, gravou seu primeiro disco, repleto de um samba agitado, sincopado e totalmente diferente do que se fazia na época.

Já com a Odeon, lança seu segundo trabalho, Cara de Índio, no qual retrata a cultura e a visão social dos índios brasileiros. Uma das faixas, “Álibi”, foi regravada por Maria Bethânia, tornando-se a canção emblemática do disco de maior sucesso da cantora. Explorador do som das palavras, das imagens inusitadas, da variedade rítmica, das melodias fora dos padrões habituais e da riqueza harmônica, Djavan é um desses artistas indefiníveis, em que podemos encontrar influências de todo tipo, desde a samba, ao jazz, soul, blues ou funk americano.

Top 5: Gilberto Gil, a história da MPB

Fonte: site oficial.

Gilberto Gil não poderia faltar em nossa lista dos melhores compositores da MPB. Este baiano de pura cepa, filho de um médico e de uma professora, que começou tocando acordeão, trabalhou como coletor de impostos enquanto compunha singles em seu tempo livre.

Em 1963, conhece Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa e Tom Zé, formando com eles um grupo que seria fundamental para a história do tropicalismo. Seu primeiro disco, Louvação, apareceu em 1967 e, dois anos depois, acabou primeiro na prisão e depois no exílio por conta da repressão da ditadura militar brasileira.

Durante seu exílio em Londres, trabalhou com integrantes de bandas lendárias como Pink Floyd, Yes e The Incredible String Band, e ao voltar ao Brasil se dedicou a compor e a levar sua música por todos os cantos, em longas e inesquecíveis turnês. Um homem comprometido com a sociedade e o meio ambiente, um músico brilhante e um compositor que continua recebendo prêmios e reconhecimentos após mais de 50 anos de palco.

Top 6: Paulo César Pinheiro, sem parar de compor

Filho de pais trabalhadores e, como ele mesmo se define, de “sangue misturado”, meio índio, meio caboclo, Paulo César Pinheiro é um dos grandes poetas e compositores brasileiros do século XX. Escreveu mais de duas mil canções, mil delas gravadas, e trabalhou com cerca de 120 parceiros diferentes, como Edu Lobo, Toquinho, Maria Bethânia e Guinga.

Além de compositor, Paulo César Pinheiro se destacou como poeta, com vários livros publicados, que, como diz Chico Buarque no prefácio do primeiro deles, “não vendem no Brasil”. Seus sambas foram e continuam sendo cantados por grandes nomes da cena brasileira, como Elis Regina, Elizeth Cardoso, MPB-4, Simone e Clara Nunes, com quem foi casado até a morte da artista em 1983.

Top 7: Cartola, o poeta improvável

Fonte: Wikipedia.

Considerado por vários músicos e críticos como o maior sambista da história da música brasileira, Cartola nasceu no início do século XX no bairro de Catete, no Rio de Janeiro. Aos 15 anos, abandonou os estudos e conseguiu emprego como operário. Foi então que começou a usar um tipo de chapéu inglês para se proteger dos escombros que caíam dos andaimes. Por usar esse chapéu, seus colegas começaram a chamá-lo de “Cartola”.

Bon vivant, briguento e apreciador da vida boêmia em geral, Cartola criou, junto com um grupo de amigos sambistas, o Bloco dos Arengueiros, que seria o embrião da Estação Primeira de Mangueira, uma das escolas de samba mais icônicas.

Os sambas de Cartola se popularizaram na década de 1930, em vozes ilustres como Aracy de Almeida, Carmen Miranda, Francisco Alves, Mário Reis e Silvio Caldas. Mas na década seguinte, Cartola desapareceu da cena musical carioca e até chegou a ser dado como morto. Só foi redescoberto em 1956 pelo jornalista Sérgio Porto, enquanto trabalhava lavando carros e como vigia de prédios no prestigiado bairro de Ipanema. Graças a Porto, Cartola voltou a cantar, apareceu em vários programas de rádio e compôs novos sambas.

Em 1974, aos 66 anos, Cartola gravou o primeiro de seus quatro discos solo, e sua carreira ganhou novo impulso com clássicos como “As Rosas Não Falam”, “O Mundo É um Moinho”, “Cordas de Aço”, “Alvorada” e “Alegria”.

Mais informações:

Notícia no jornal ABC sobre a morte de Aldir Blanc.

Entrada sobre Aldir Blanc no Dicionário Cravo Albin de MPB.

Página oficial de Zé Ramalho.

Instagram de Zé Ramalho.

Facebook de Zé Ramalho.

Entrada sobre Belchior no Dicionário Cravo Albin de MPB.

Página oficial de Djavan.

Facebook de Djavan.

Instragram de Djavan.

Página oficial de Gilberto Gil.

Facebook de Gilberto Gil.

Instragram de Gilberto Gil.

Entrada sobre Paulo César Pinheiro no Dicionário Cravo Albin de MPB.

Entrada sobre Cartola no Dicionário Cravo Albin de MPB.

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