Terminava o ano de 1984 quando quatro estudantes de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Humberto Gessinger, Carlos Stein, Marcelo Pitz e Carlos Maltz decidiram montar um grupo para atuar no festival organizado pela facultade como protesto pela paralização das aulas. O nome Engenheiros do Hawaii era uma maneira de zombar dos estudantes de engenharia, com os quais mantinham uma certa rivalidade, e que sempre se vestiam com bermudas de surfista. O primeiro álbum da banda, Longe demais das capitais, chegou em 1986, com um estilo pop muito parecido ao dos grupos The Police e Paralamas do Sucesso; sem demorar, evoluíram em direção ao rock progressivo, marca dos seus seguintes trabalhos. “A revolta dos Dandis” inaugura uma trilogia com discos nos quais se repetem temas gráficos e musicais, arranjos que evocam o rock mais puro dos anos 1960 e letras críticas, cheias de alusões literárias a filósofos como Albert Camus ou Jean Paul Sartre.
Depois de muitas idas e vindas, mudanças na composição da banda e uma turnê internacional, pelos Estados Unidos e Japão, os Engenheiros começam os anos 1990 sem o sucesso de outros tempos longínquos. Gessinger, que já havia feito alguns trabalhos em carreira solo, funda uma nova banda, fabricada à medida (Humberto Gessiger Trio), para voltar às origens dos Engenheiros e com uma sonoridade mais básica, de bateria, baixo e guitarra, sem artifícios nem pretensões. Mas, para os produtores de eventos nacionais era mais fácil anunciar no cartaz os Engenheiros, grupo conhecido por todo o Brasil, do que um trio que acabava de sair do nada, assim que, finalmente, Gessinger aceita, e volta a identificar-se como Engenheiro.
Com Lucio Dorfmann nos teclados, e um som novamente próximo ao pop, aparecem os discos Minuano, de 1997, e Tchau Radar!, em 1999. Este último marca a entrada dos Engenheiros na Universal Music Group, deixando entrever a maturidade alcançada pelos membros do grupo, com influências claras do folk rock e do rock and roll dos anos 1960, mas também do rock progressivo e da omnipresente MPB.
Da turnê do disco “Tchau Radar” surgiu o terceiro álbum ao vivo da banda, 10.000 destinos, com uma boa revisão das melhores do seu repertório, e duas canções inéditas gravadas em estúdio, incluída uma versão de “Quando o carnaval chegar” de Chico Buarque. Pouco depois de participar do Rock in Rio III em 2001, Lucio, Adal e Luciano abandonam o grupo para fundar Massa Crítica. Os engenheiros têm que se recompor novamente, e dessa vez com Paulinho Galvão na guitarra, Bernardo Fonseca no baixo e Glaucio Ayala na bateria. Gessiger volta a tocar guitarra, depois de 14 anos como baixista do grupo. Em 2003, aparece o disco “Dançando no campo minado”, com canções curtas, guitarras pesadas e a poesia crítica de Gessinger denunciando os males da globalização, da desilusão política e ideológica e da guerra. O resto, como dizem por aí, já é história.
Facebook do grupo: https://www.facebook.com/EngHaw
Canal de Youtube: https://www.youtube.com/channel/UC3D-MuJMLQ4BR5e4tLNt0sQ
Projeto Pouca Vogal: http://www.poucavogal.com.br/
1. “Pra ser sincero” do disco “O Papa é Pop” (1990);
2. “Toda forma de poder” do disco “Longe demais das capitais” (1986);
3. “Infinita Highway” do disco “A revolta dos Dandis” (1987);
4. “Refrão de bolero” do disco “A revolta dos Dandis” (1987);
5. “Somos quem podemos ser”, de “Ouça o que eu digo: não ouça nenguem” de 1988;
6. “Era um Garoto Que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones” do disco “O Papa é Pop” (1990);
7. “Piano bar” de “Varias Variáveis” (1991);
8. “3×4” do disco “Tchau Radar!” de 1999;
9. “Eu que nao amo você”, de “Tchau Radar!” (1999);
10. “Dom Quixote” de “Dançando no campo minado” (2003).