Para terminar o curso 2022-2023 da melhor forma possível, oferecemos um programa da atualidade. No próximo 4 de julho, inauguramos no Palácio de Maldonado a mostra fotográfica “Quem sou eu”, do fotógrafo brasileiro Luiz Maia, um dos autores selecionados no programa de Residência Artística de Fotografia 2022. A exposição oferece uma perspectiva diferente, íntima e humana de um dos desafio sociais mais complexos: as pessoas em situação de rua.
Graças às novas tecnologias, conversamos com o autor sobre o cotidiano do seu trabalho, sobre a exposição no CEB e suas motivações para desenvolver o projeto “Quem sou eu”.
Sobre Luiz Maia
O interesse pela arte visual, lhe levou a estudar comunicação social. Nessa época, cursou uma disciplina sobre fotojornalismo e fotografia publicitária, mas foi mais tarde quando decidiu se dedicar profissionalmente à fotografia na Escola de Imagem de Belo Horizonte (Minas Gerais, Brasil). Foi o início de sua verdadeira vocação.
A primeira exposição fotográfica que realizou tinha como tema pessoas com necessidades especiais (“Resiliência (PCDs)”) e, quase ao mesmo tempo, uma segunda exposição sobre comunidades quilombolas (“Libertos (Quilombolas)”).
Como fotojornalista, algumas de suas fotos do desastre ecológico provocado pela ruptura da represa de Mariana, em novembro de 2015, e dos danos provocados pelas chuvas em Minas Gerais em 2020, foram publicadas em diferentes jornais e revistas. Ainda assim, na entrevista, Luiz Maia confessa que está a todo momento fotografando. E para comprová-lo, confira as redes sociais @luizmaiafoto.
“Quem eu sou” ou a arte de tornar visível o invisível
Na entrevista, falamos também sobre a expoisção. O que é “Quem sou eu”?, como surgiu o projeto? Luiz Maia conta que se trata de fotografias a pessoas em situação de rua no Brasil. O projeto busca dar cara e voz a essa população, visibilizando, especialmente, as mulheres e pessoas LGBTQIA+. As fotos foram realizadas durante a gravação em vídeo de uma série de entrevistas, que formam parte do projeto “Quem sou eu”. As entrevistas estão disponíveis no canal de YouTube “Humanos Projetos”. Durante a conversa, o entrevistador busca conhecer a origem dessas pessoas, suas dúvidas e desejos, assim como as razões que lhes levaram a viver nessas circunstâncias: econômicas e sociais, mas também psicológicas. O objetivo do projeto, portanto, é promover um debate sobre questões como a resiliência, a liberdade de escolha, a violência e os traumas e ela provoca. Pouco a pouco, Luiz percebeu que além da dor e da miséria também há muitas histórias de superação e força.
“Quem sou eu” tem dois objetivos: o primeiro, talvez o mais difícil, alcanzar um nível suficiente para promover debates sobre as pessoas em situação de rua no Brasil, contribuindo, assim, para o desenvolvimento de ações preventivas e de políticas públicas que reduzam o número de pessoas que vivem nessas circunstâncias.
O segundo objetivo, mais palpável, é ajudar as pessoas em situação de rua, homens e mulheres, com nomes e sobrenomes, que, às vezes, só precisam de um pouco de respeito e atenção. Assim, por exemplo, Luiz Maia conta que uma das entrevistadas conseguiu uma casa para viver graças a uma doação, feita por uma pessoa que assistiu o vídeo da entrevista e se emocionou com o relato dela; outro entrevistado conseguiu um trabalho pelo mesmo motivo. Luis Maia diz que, tudo isso, lhe faz muito feliz.
A ideia do projeto surgiu quando fotografava as inundações ocorridas no estado de Minas Gerais em 2020. Na época, sua amiga Alessandra Lopes lhe convidou a conhecer o trabalho que ela estava realizando com as vítimas da tragédia, e enquanto conversavam com um assistente social, um rapaz se aproximou e lhes perguntou: “Adorei as fotos! Por que não faz o mesmo com as pessoas em situação de rua? Um senhor em situação de rua, um professor, tem uma história incrível…”. Luiz Maia se entusiasmou com o tema, e começou a pensar em como abordá-lo, para não somente mostrar fotografias, ele também queria conhecer essas pessoas, mostrar aos demais como era a vida deles, já que normalmente ninguém se interessa por eles… Assim, nasceu o projeto com uma série de entrevistas e as fotos que foram realizadas são dos momentos mais emotivos da conversa.
Por último, Luiz Maia conta começou sozinho a trabalhar no projeto, mas logo se juntaram Alessandra Lopes e as assistentes sociais, que também embarcaram no projeto, com uma ampliação em 2022.
Novos projetos
E para fechar a entrevista, Luiz Maia conta sobre seus projetos de futuro. O fotógrafo começa agora um novo projeto, intitulado “Atemporal”, com fotografias de casais, com o objetivo é descobrir o verdadeiro sentido do amor para eles. É uma iniciativa bem diferente a todos os seus projetos anteriores, todo com uma orientação muito social, e esta nova atividade surge como um descanso de temas mais intensos e de muito comprometimento emocional.
O projeto “Atemporal” mantém o formato de “Quem eu sou”, misturando fotografia e vídeo. E como o projeto já está em andamento, em breve poderemos conhecê-lo!
E para terminar, agradecemos a Luiz Maia pela oportunidade da entrevista no nosso programa. E não esqueça, a exposição “Quem sou eu” estará aberta a visitação de forma gratuit,a de segunda a sexta-feria, no CEB, de 9h às 14h. Entrada gratuita. Não perca!
Música no programa
Para fechar o programa com música, escolhemos um tema que já rodou aqui no programa, “Zero” de Liniker e Os Caramelows. “Zero” forma parte do EP Cru, lançado em 2015 e é uma das músicas mais conhecidas da banda. Aumenta o volume! Feliz verão e boas férias!