O samba da minha terra: entrevista Angela Zoe

Uma entrevista à documentarista brasileira Angela Zoe, sobre o seu último trabalho dedicado a Alcione.

Nesta nova entreva de “O samba da minha terra” apresentamos uma entrevista com a documentarista brasileira Angela Zoe, que assina o filme “Alcione, O samba é primo do jazz”, lançado oficialmente no início deste ano.

Angela Zoe tem formação em Filosofia, História, Psicologia e (pasmem!) mestrado em Neurociências. Como boa conhecedora do ofício de documentarista, seus trabalhos estão recheados de relatos pessoais, testemunhos e documentação de arquivo. Os seus documentários abordam biografias em contextos que vão da ditatura militar brasileira, passando pela diversidade, até chegar no samba.

Há 26 anos, Angela Zoe fundou a Documenta Filmes, que em sua página web, logo de cara, o visitante encontra a seguinte mensagem: “o conhecimento liberta”, “sintonia com causas sociais”, “filmes de impacto” e “inspirar positivamente a vida das pessoas”. E perguntamos como é que se faz para transformar tudo isso em filme. Ela diz:

São os quatro pilares da Doc, que a gente pode inserir como os filmes do bem. Eu passo a minha vida preocupada em como a gente pode criar entretenimento, mas com consciência.

Angela Zoe começou a trabalhar com audiovisual com 18 anos. A formação nas áreas de Humanas veio depois; quando estava na faculdade de História, descobriu que “Documenta”, em grego, significava “arquivos”. Depois disso, foi um passo para fundar a Documenta Filmes. Durante muito tempo, Angela Zoe se dedicou à produção de filmes institucionais, porém com uma característica muito peculiar, ela não gostava da combinação de imagens e locução. Daí, Angela Zoe começou a produzir filmes institucionais, mas entrevistando os funcionários, de alguma forma, as pessoas envolvidas no tema. E isso foi o trampolim para o cinema documentário.

Os seus dois primeiros documentários abordam a história de vidas interrompidas no contexto da Ditadura militar no Brasil, com os premiados “Duas Histórias“, de 2014; e “Nossas Histórias“, de 2014. Chega a vez dos biográficos: “Betinho – Esperança Equilibrista“, de 2015, e “Meu nome é Jacque”, o seu trabalho mais premiado, documentário de 2016, sobre a história de vida de Jacqueline Roca Côrtes, uma mulher transexual brasileira, cuja “vida marcada por lutas e conquistas como representante do governo brasileiro na Organização das Nações Unidas” (Documenta Filmes).

E finalmente, chegamos aos documentários dedicados ao samba. O primeiro, “Ele era assim: Ary Barroso”, de 2019, surgiu espontaneamente – como todos os temas que viraram documentários nas mãos de Angela Zoe -, do encontro com o neto de Ary Barroso que lhe proporcionou acesso a um acervo impressionante sobre a vida e a obra do artista. O documentário “Alcione. O samba é primo do jazz”, lançado no início deste ano (e ainda indisponível nessas bandas de cá), também “foi surgindo”, inicialmente como uma proposta de programa especial, e depois, como Angela Zoe diz “estava na cara do gol”, a documentarista não pôde perder a oportunidade de dedicar um documentário a uma das maiores vozes femininas do samba brasileiro.

Ao longo da entrevista, além de contar sobre os temas de seus documentários, Angela Zoe também nos conta sobre o processo de criação da narrativa, do dispositivo narrativo no documentário, sua forma de entender o biografado: não de forma laudatória, nem como personagem, mas buscando o que há de humano, o particular que se une ao coletivo.

Agradecemos a Angela Zoe a enorme satisfação desta entrevista.

Para conhecer mais sobre o trabalho de Angela Zoe, consulte a página da Documenta Filmes.

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