A maior festa do planeta começará em alguns dias! Tudo preparado na Sapucaí para receber as 12 escolas de samba do grupo especial que desfilarão neste Carnaval 2024. E neste podcast de “O samba da minha terra” contamos para você quais são os temas que as escolas trazem este ano para os desfiles.
Os desfiles na Sapucaí (Rio de Janeiro, Brasil) acontecerão nos próximos domingo e segunda-feira, 11 e 12 de fevereiro. A apuração (a contagem dos pontos recebidos pelas escolas por parte do júri) acontecerá na Quarta-feira de Cinza, e no dia 17 acontecerá o desfile das escolas campeãs, com as seis melhores escolas entre as doze que desfilam nos dois dias de carnaval.
Quem quiser conhecer mais sobre as escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro, vale a pensa conferir o site da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), onde está disponível informação sobre o carnaval, os quesitos em avaliação em cada escola, além de informação detalhada sobre as escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro.
Confere abaixo os sambas-enredo de cada escola (por ordem de desfile):
Domingo, 11 de fevereiro
A escola que abrirá os desfiles do grupo especial do Rio é a Porto da Pedra. A G.R.E.S Unidos do Porto da Pedra é uma escola de São Gonçalo, fundada em 1978, e o samba-enredo deste ano se intitula “Lunário Perpétuo – A profética do saber popular”, de autoria de Guga Martins, Passos Júnior, Gustavo Clarão, Lucas Macedo, Leandro Gaúcho, Clairton Fonseca, Richard Valença, Gigi da Estiva, Abílio JR, Marquinho Paloma, Cristiano Telles e Alison Picanço, e que fala sobre os saberes populares a partir da obra escrita em 1594, pelo naturalista espanhol Jerónimo Cortés, e sua apropriação no Nordeste brasileiro.
A segunda escola a desfilar é a veterana G.R.E.S Beija-flor de Nilópolis, fundada em 1948 e, com o seu tradicional azul e branco, defenderá o samba-enredo “Um delírio de Carnaval na Maceió de Rás Gonguila”, interpretado na voz inconfundível de Neguinho da Beija-Flor, com autoria de Kirazinho, Lucas Gringo, Wilsinho Paz, Venir Vieira, Marquinhos Beija-Flor e Dr. Rogério, e que trata de ancestralidade e resistência, “nobrezas de Maceió, de Nilópolis e da Etiópia”, destacando festas tradicionais de raízes africanas e indígenas de Alagoas.
A terceira escola do primeiro dia de desfile do grupo especial é a vermelho-branco G.R.E.S Acadêmicos do Salgueiro, fundada em 1953 e o samba-enredo é “Hutukara”, que é o nome xamânico para a terra atual, a terra floresta, já que a escola traz para o desfile a ancestralidade Yanomami. O samba-enredo é de autoria de Pedrinho da Flor, Marcelo Motta, Arlindinho Cruz, Renato Galante, Dudu Nobre, Leonardo Gallo, Ramon Via13 e Ralfe Ribeiro.
A G.R.E.S Acadêmicos do Grande Rio será a quarta escola em desfilar no primeiro dia do grupo especial. Com o vermelho, verde e branco, a escola defende o samba-enredo “Nosso destino é ser onça”, que fala sobre cosmovisões indígenas acerca da criação do mundo e da vida. E a figura da onça remete às disputas identitárias brasileiras no seu refazer-se constante. E essa ideia de disputas e resistências de povos originários, que a Grande Rio defenderá no seu desfile.
A G.R.E.S Unidos da Tijuca é uma das escolas mais antigas do Rio de Janeiro, fundada em 1931 e que desfila com o azul pavão e o amarelo ouro. A escola será a quinta em desfilar, e traz o “O Conto de Fados”, um samba-enredo que nos leva ao tempo das navegações, a um Portugal de fados, cantos, sonhos e saudades.
Fechando o primeiro dia desfile na Sapucaí, vem a Verde, Branco e Ouro, G.R.E.S Imperatriz Leopoldinense. Fundada em 1959, a campeã do carnaval 2023 traz o samba-enredo “Com a sorte virada pra lua, segundo o testamento da cigana Esmeralda”, que fala sobre as aventuras e desventuras da vida, e a cultura cigana em interpretação de sonhos.
Segunda-feira, 12 de fevereiro
O desfile da segunda-feira, dia 12, começa com a G.R.E.S Mocidade Independente de Padre Miguel. A Verde e Branco, fundada em 1955, vem com o enredo “Pede Caju Que Dou… Pé de Caju Que Dá!”, com um samba que defende a brasilidade com um olhar tropicalista, representado pela fruta caju, que remete à história do país, das comunidades originárias, um elemento que é parte da identidade cultural e da alimentação de todo um país.
A segunda escola é a alviceleste G.R.E.S Portela, com sua inconfundível águia. Este ano a Portela vem com o enredo “Um Defeito de Cor”, que fala sobre o afeto como ancestralidade feminina. O enredo está baseado no romance homônimo da escritora brasileira Ana Maria Gonçalves.
Unidos de G.R.E.S Unidos de Vila Isabel será a terceira escola em desfilar no dia 12 de fevereiro. A Azul e Branco foi fundada em 1946, tem como presidente de honra a Martinho da Vila e traz como enredo “Gbalá: uma viagem ao Templo da Criação”, de autoria de Martinho da Vila, um samba-enredo que retoma o desfile da escola de 1993, e a cultura Yorubá para falar sobre a vida humana na Terra.
A verde-rosa G.R.E.S Estação Primeira de Mangueira, fundada em 1928, defenderá o enredo “A Negra Voz do Amanhã“, uma justa homenagem à cantora brasileira e mangueirense, Alcione, mas também à cultura maranhense, ao tambor de crioula, ao Bumba Meu boi e muito mais. Como sempre, podemos esperar um grande desfile da Mangueira, que em sua trajetória homenageou vários artistas brasileiros, Braguinha, Caymmi, Chico Buarque, Maria Bethânia, entre outros.
A G.R.E.S Paraíso do Tuiuti foi fundada em 1952 e desfila com as cores amarelo ouro e azul pavão. A escola defenderá o samba-enredo “Glória ao Almirante Negro!”, que recorda João Cândido Felisberto, líder da Revolta da Chibata, ocorrida no Rio de Janeiro na década de 1910, em contra do castigo corporal com o uso da chibata que se aplicava a marinheiros negros.
E fechando os desfiles do grupo especial, a Vermelho e Branco niteroiense G.R.E.S Unidos do Viradouro, fundada em 1946, que leva para a Sapucaí o samba-enredo “Arroboboi, Dangbé”, que trata dos cultos voduns no Brasil, remetendo a uma perspectiva histórica de liderança feminina nos terreiros no Recôncavo Baiano.
Este ano, as escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro trazem temas bem brasileiros, uma parte da nossa história certamente pouco vista nos manuais de história, mas que reverenciam nossas heranças culturais, a ancestralidade, os povos originários, falam de lutas e resistências, mas também da alegria do maior Carnaval do mundo.
Feliz Carnaval!
O samba da minha terra é uma coluna dedicada ao samba do programa Brasil es mucho más que samba, emitido todas às terças-feiras, às 17h30, em Rádio USAL. Para sugerir uma pauta ou contatar com a equipe do programa, escreva ao masquesamba@usal.es