BMQS: San Valentín a la brasileira

Uma seleção de músicas brasileiras para deixar até São Valentim apaixonado.

Na sexta-feira, 14 de fevereiro, celebramos o Dia de São Valentim e, dada a efeméride, oferecemos neste podcast uma pequena seleção de músicas brasileiras para apaixonar até o próprio São Valentim.

Um pequeno detalhe...

No Brasil, o Dia dos Namorados é celebrado em 12 de junho, um dia antes de Santo Antônio, o santo dos casamentos. Além disso, o Dia dos Namorados no Brasil tem um sentido mais romântico do que a celebração do amor em um sentido mais amplo. Uma curiosidade nada romântica: o Dia dos Namorados no Brasil é comemorado desde 1949, quando o empresário João Doria lançou uma campanha publicitária especial para incentivar as vendas de produtos típicos da data, como os tradicionais presentes, flores, bombons…

5, 4, 3, 2, 1... começamos!

“Desculpe o auê” é um dos maiores sucessos de Rita Lee, a cantora brasileira que mais vendeu discos: 55 milhões de cópias. Ela é conhecida como a “Rainha do rock brasileiro”, embora a solenidade monárquica não combinasse nada com ela. Irreverente, sua mãe queria que ela fosse freira, seu pai queria que seguisse seus passos e se tornasse dentista. Mas, para nossa sorte, ela venceu em todos os sentidos: venceu o vício em drogas, venceu a censura da Ditadura, venceu como roqueira e como mulher em um país com uma cultura machista e, na época, “bossanovista”. Dona de uma ironia e acidez únicas ao falar e escrever sobre si mesma, Rita Lee amava os animais e sentia respeito e gratidão por seus fãs, algo pouco comum em estrelas de sua magnitude.

“Desculpe o auê” faz parte do álbum Bombom, de 1984, gravado em um estúdio em Los Angeles, com uma equipe de músicos de peso. No entanto, não teve a mesma recepção por parte da imprensa brasileira. Além disso, persistiam os problemas com a censura da Ditadura, e os primeiros exemplares saíram com a advertência “Proibido para menores de 18 anos”. Para piorar, tentaram riscar os discos com lâminas nas músicas Arrombou o cofre e Degustação. Rita Lee escreveu a canção como um pedido de desculpas ao seu marido, Roberto de Carvalho, que também era seu parceiro musical e de composição. Após uma crise de ciúmes, ela entregou a letra com um bilhete pedindo perdão. Ele, em resposta, devolveu a letra musicada, e assim nasceu Desculpe o auê. Rita Lee faleceu em 8 de maio de 2023, em sua cidade natal, São Paulo.

E já que estamos falando da rainha do rock, seguimos com o rei da black music brasileira, “o síndico” Tim Maia.

Nelson Motta, um dos mais célebres críticos musicais brasileiros, em seu livro Vale Tudo – O Som e a Fúria de Tim Maia, apresenta nosso protagonista como “um personagem único em sua paixão pelo excesso – excesso de talento, de peso, de comida, de sexo, de drogas, de amor à arte, de besteiras e agressividade, de ternura e generosidade”.

Tim Maia nasceu no bairro carioca da Tijuca, que mais tarde se tornaria o berço do funk e da black music brasileira. Criou o grupo vocal Os Sputniks, onde também estava Roberto Carlos, o futuro Rei da Música Brasileira, embora a banda estivesse fadada ao fracasso. Tim Maia migrou para os Estados Unidos, onde foi preso e deportado para o Brasil em 1964, em plena Ditadura Militar. O sucesso demorou a chegar, mas quando chegou… Nossa Senhora! Suas composições continuam até hoje entre as mais importantes da música brasileira. Tim Maia faleceu em 15 de março de 1998, após uma parada cardíaca. Tim Maia assinou muitas músicas românticas, e a escolhida para fazer parte deste podcast é Você, uma composição original de 1969, mas que só foi gravada em seu segundo disco, em 1971.

Djavan Caetano Viana, mais conhecido como Djavan, nasceu em 1949, em Maceió, no estado de Alagoas. Suas composições são marcadas por sua harmonia melódica e letras poéticas, cheias de metáforas sutis e de uma beleza extraordinária. Em muitas entrevistas, Djavan confessou que sua maior influência ao começar a cantar foi sua mãe, uma mulher extremamente musical, que chegou a compor uma música para cada um de seus filhos. Aos 23 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde realmente desenvolveu sua carreira musical. E a história que conhecemos: contou com a ajuda do amigo do amigo, até que finalmente conseguiu entrar na gravadora Som Livre e começou a interpretar músicas para trilhas sonoras de novelas.

Djavan é um dos grandes compositores e músicos brasileiros, dono de uma voz inconfundível e capaz de criar melodias e letras tão poéticas e harmoniosas que suas composições se tornaram a trilha sonora de nossas vidas. Para este podcast, escolhemos a música Se (do disco Coisa de Acender, de 1992), um de seus maiores sucessos. Em várias entrevistas, Djavan declarou seu amor e admiração pela Espanha, mencionando Paco de Lucía e Camarón de la Isla como dois de seus grandes ídolos. Seu amor pelo flamenco o levou a gravar a canção Andaluz, com um verso que diz: “Sevilha incensa o ar andaluz”.

Um encontro mais do que celebrado: Ana Carolina e Seu Jorge. Esses dois grandes nomes da nova Música Popular Brasileira se uniram em 15 de agosto de 2005, em um projeto acústico gravado no Tom Brasil, em São Paulo. O disco e o DVD têm, ao todo, 15 faixas, assinadas por Ana Carolina e Seu Jorge, mas também por Djavan, Edu Lobo, Leci Brandão, entre outros. Neste podcast, você encontrará a canção Pra rua me levar, uma composição de Ana Carolina e Totonho Villeroy, gravada no álbum Ana & Jorge Ao Vivo, de 2005, na voz de Ana Carolina e Seu Jorge.

E para finalizar, a mais que tocada aqui e acolá Já sei namorar, o grande sucesso do grupo Tribalistas, com Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, de 2002. Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes convidaram Marisa Monte para colocar voz em uma das músicas do disco que Arnaldo Antunes estava gravando com Brown na Bahia. Na semana que passaram juntos, compuseram todas as músicas do disco Tribalistas e, em seguida, começaram a gravá-lo no estúdio que Marisa Monte tem em sua casa no Rio de Janeiro. O álbum é o resultado de anos de colaboração, de amizade, mas também das trajetórias artísticas, de vida e musicais dos três – a sonoridade de Brown, a poética de Arnaldo Antunes e a voz única de Marisa Monte. O disco vendeu incríveis 2,5 milhões de cópias no Brasil e no mundo.

Aperte o play! Com certeza você vai gostar.

Compartir

Relacionado:

No Brasil, em 13 de Abril se comemora o Dia Nacional da Mulher Sambista. Confira aqui um poco da vida e obra de 5
Conversamos com a diretora da Bienal Iberoamericana de Diseño sobre design circular, artesanato e, especialmente, sobre a contribuição brasileira neste campo.
Podcast com a entrevista a Iván Pérez Miranda sobre o Portal de Revistas de EUSAL.
Conversamos com a vencedora do segundo prêmio da 7ª edição do concurso de conto breve do CEB.
Anterior
Próximo