BioBrasil: entrevista a Gerson Lodi-Ribeiro II

Como anunciamos na semana passada, aqui está a segunda parte da entrevista com um dos grandes autores de ficção científica brasileira: Gerson Lodi-Ribeiro.

Na semana passada Gerson falou aqui em BMQS sobre as suas origens e primeiros trabalhos, de alguns dos universos ficcionais que ele criou e por onde caminha com tranquilidade, e do curioso caso do seu pseudônimo feminino, Carla Cristina Pereira, que acabou se convertendo em uma autora com tanto sucesso (ou mais!) do que ele.

Trabalhos recentes e obras fora do gênero

Em 2015, Gerson publicou o romance Estranhos no Paríso, com a editora Draco, um relato que começa sendo de ficção científica e termina transformado em história alternativa. Diferentemente de seus trabalhos anteriores, é um único romance, narrado por Sylvia Chang, comandante da nave espacial Forasteira, enviada para estabelecer o primeiro contato com a civilização alienígena não humanóide dos pavonianos.

As suas duas aventuras na não ficção são os livros Vita vinum est!: Historia do vino no mundo romano, publicado pela Mauad X em 2016, no qual ele dá asas a suas paixões pelo vinho e pela história do vinho, não necessariamente nessa mesma ordem; e Cenários de História Alternativa, disponível em Amazon desde 2019, onde fala das distintas narrativas do gênero escritas por autores anglo-saxões e lusófonos.

História alternativa, onde encaixá-la?

Gerson Lodi-Ribeiro é um autor que frequentemente escreve no gênero da história alternativa. E a pergunta que não quer calar: isso o quê é? Bem, Gerson explica que se trata de um subgênero da ficção científica que consiste em realizar extrapolações históricas com a idea de mostrar o que poderia ter ocorrido se determinados fatos históricos nunca tivessem acontecido ou sim, mas de uma forma diferente. Por exemplo, como seria o Brasil atual se o golpe militar de 1964 nunca tivesse acontecido, ou se na Espanha, por exemplo, a “Reconquista” tivesse fracassado e nunca tivessem sido surgido os reinos cristãos medievais… Interessante, né?

Gerson conta que foram os autores de ficção científica que começaram a escrever história alternativa, e que por isso, está considerada como um subgênero da ficção científica, ainda que esta classificação deixe fora a vertente não ficcional, ou seja, os ensaios de história contrafactual ou especulações históricas, escritas por historiadores e cronistas há milhões de anos. Por outro lado, a ideia de encaixá-la na literatura fantástica também tem seus problemas, especialmente, porque ao ser escrita na maior parte das vezes por autores dedicados à ficção científica, compartilha com eles certas ferramnetas e estratégias narrativas facilmente identificáveis.

Recomendações de leitura: Por onde começar a ler ficção científica brasileira?

Para terminar, pedimos que Gerson Lodi-Ribeiro apresentasse um breve balanço da literatura de ficção científica atualmente. Editoras, autores e obras que não podemos deixar de ler. Entre seus autores preferidos, destaca os veteranos Bráulio Tavares; Carlos Orsi; Fábio Fernandes; Octavio Aragão; e Roberto de Sousa Causo; e os mais recentes, Antônio Luiz da Costa; Cirilo Lemos; Flávio Medeiros; João Beraldo; e Sid Castro.

Entre as obras que destaca, encontramos Guerra Justa (Draco, 2010), de Carlos Orsi; Os Dias da Peste (Tarja, 2009), de Fábio Fernandes; Selva Brasil (Draco, 2010), de Roberto de Sousa Causo; A Mão que Cria (Mercuryo, 2006) do nosso querido Octavio Aragão; Homens e Monstros: A Guerra Fria Vitoriana (Draco, 2013), de Flávio Medeiros; Véu da Verdade (Eridanus, 2005), de João Beraldo e E” de Extermínio (Draco, 2015), de Cirilo Lemos. E muitos mais!

Como diria Carl Sagan: Contatos!

Mesmo que Gerson não tenha uma página web pessoal para falar do seu trabalho, sim costuma escrever sobre lançamentos literários e outros eventos sobre o gênero acontecidos no Brasil no blog Crônicas da Ficção Científica Brasielira e, claro, sempre está disposto a conversar um pouco pelo Facebook.

Elba Ramalho, para terminar el programa

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