Este podcast é a segunda parte da emissão dedicada à biografia do cientista brasileiro Oswaldo Cruz, uma nova colaboração com o Museu da Vida, o museu de ciências da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz, Brasil). Como na primeira parte, este segundo episódio oferece uma entrevista com a pesquisadora Ana Luce Girão, doutora em História da Ciência e pesquisadora da Casa Oswaldo Cruz.
Estamos em 1899, em Santos, o porto mais importante do estado de São Paulo. Oswaldo Cruz se desloca para a cidade para ajudar as autoridades locais a identificar a doença que está causando estragos. Após cinco dias de investigação minuciosa, Oswaldo Cruz confirma todas as suspeitas: trata-se da peste bubônica. Para combater a doença, foi criado um laboratório especial no Instituto Bacteriológico de São Paulo, enquanto Oswaldo Cruz se encarregava de montar outro semelhante no Rio, nas terras de uma fazenda conhecida como Fazenda de Manguinhos, que seria o embrião da Fundação Oswaldo Cruz. Em 1902, Oswaldo Cruz assume a direção deste novo instituto e, três meses depois, passa a dirigir a Direção Geral de Saúde Pública, que é o atual Ministério da Saúde do Brasil.
A ideia dele era construir na Fazenda de Manguinhos um palácio da ciência, equipado com a tecnologia mais avançada do início do século XX, o que após 13 anos de trabalho árduo se tornou conhecido como Pavilhão Mourisco ou simplesmente o “Castelinho”.
Em 1904, a varíola havia colocado em xeque a saúde pública do Rio de Janeiro. Diante da terrível situação, nosso protagonista enviou um projeto ao Congresso Nacional para que fosse tratada com mais rigor a obrigatoriedade da vacina contra a varíola – que já era lei desde 1837, mas que nunca havia sido cumprida. O projeto desencadeou um acalorado debate entre os opositores e os defensores da vacinação obrigatória. Enquanto isso, o governo começou a enviar equipes de saúde às casas para vacinar as pessoas à força, o que provocou um verdadeiro levante social. O caos tomou conta da cidade na forma de uma revolta incontrolável, e para piorar as coisas, foi ordenada a intervenção da polícia, resultando em uma verdadeira batalha nas ruas cariocas, que terminou com vários mortos e muitos feridos. Foi a Revolta da Vacina. Com a declaração do estado de sítio no Rio, em 17 de novembro de 1904, Rodrigues Alves – presidente do país – revogou a lei da vacinação obrigatória, autorizando apenas a imunização voluntária, o que encerrou a revolta. Apesar de manter-se no cargo e contar com a plena confiança do presidente, podemos dizer que Oswaldo Cruz perdeu a guerra contra a varíola. Referências: