No último 30 de novembro, o CEB ofereceu a conferência “El patrimonio arquitectónico de Río de Janeiro”, ministrada por Pablo de la Riestra (Nurembergue), professor convidado da Universidad Nacional de Rosario (Argentina). A gravação da conferências está disponivel neste link.
Em BMQS aproveitamos a ocasião para cconversar com ele, e conhecer os segredos urbanísticos de algumas cidades brasileiras.
Pablo de Riestra, um argentino em Alemanha, apaixonado pelo Brasil

Doutor em História da Arquitetura, Pablo de Riestra vive na Alemanha desde 1985, e foi professor da Universidad de Heidelberg. También foi professor na Escola de Comunicações e Artes de la universidade de São Paulo (ECA-USP, Brasil) e continua sua atividade docente como professor convidado da Universidad Nacional de Rosario (Argentina). De la Riestra é autor de vários livros, em particular sobre arquitetura gótica centro-europeia, e publicou também obras sobre o Rio de Janeiro, Paraty e Salvador, cidades que visita com frequência. Como fotógrafo, é autor de um importante acervo dedicado à arquitetura colonial brasileira.
Depois de aprofundar em sua biografia, falamos sobre as surpresas arquitetônicas que podemos encontrar na cidade do Rio de Janeiro, esses pequenos tesouros escondidos, pelos quais passamos sem prestar muita atenção.
Pablo de la Riestra afirma que existem três Rios históricos: o colonial, o historicista e o moderno. A arquitetura colonial melhor conservada, por sua própria natureza, é a das igrejas, edifícios que foram mantido por sua função até os dias de hoje. Entre o conjunto, destaca a Igreja de São Bento e a dos Franciscanos, também conhecida como Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência.
A chegada do historicismo, a finais do século XIX, foi marcada pela destruição do Rio colonial: a abertura da Avenida Rio Branco, por volta de 1900, significou a destruição de centenas de casas e palacetes.
Os principais restos historicistas do Rio são a Biblioteca Nacional, o Teatro Municipal, o Museu de Belas Artes e o Real Gabinete Português de Leitura, um edifício neogótico que tem também a maior coleção de livros portugueses fora de Portugal.
Finalmente, chega o que Pedro de la Riestra denomina “a época feliz da arquitetura carioca” a finais dos anos 1930, que deixou belos edifícios art déco, que podem ser vistos no bairro de Copacabana e, claro, a escultura do Cristo Redentor que preside o Corcovado, e que é obra do escultor francês de origem polonesa Paul Landowski, e do romeno Gheorghe Leonida.
Além do Rio: conhecendo o Brasil colonial
Para falar do Brasil colonial é obrigatório começar por Salvador de Bahia, que Pablo de la Riestra define como “um monumento de superfície”. O pelourinho, a parte alta d cidade, foi praticamente conservado de forma intacta, ainda que a catedral foi demolida nos anos 1940. Outras cidades do Nordeste, como Recife, não tiveram a mesma sorte, mas ainda há restos arquitetônicos muito interessantes herdados da França Antártica em São Luís de Maranhão.
No entanto, o conjunto arquitetônico colonial mais imponente se conserva em Minas Gerais, onde “há lugares incríveis, que quase ninguém conhece, como Catas Altas, relativamente perto de Belo Horizonte [mesmo que] quase ninguém em Belo Horizonte tenha estado ali”. Trata-se de uma cidade incível pelagrande quantidade de construções coloniais e pelo seu perfeito estado de conservação.
A herança de Oscar Niemeyer
Para terminar a entrevista, falamos com Pablo de la Riestra sobre quem, sem dúvida, é o arquiteto brasileiro mais conhecido fora do Brasil: Oscar Niemeyer, responsável por boa parte dos edifícios governamentais que hoje vemos em Brasília. De la Riestra nos desvela algumas das obras de Niemeyer mais surpreendentes do Rio de Janeiro, como o Hotel Nacional, localizado no bairro de São Conrado e reaberto recentemente, e a própria casa do arquiteto, conhecida como “Casa das Canoas”, uma construção em dois níveis, cheia de linhas curvas, que -em palavras do arquiteto alemão Walter Gropius, máximo expoente da escola Bauhaus-, é tão bonita como única.
Para conhecer mais sobre Pablo de la Riestra e seu trabalho, siga-o nas redes sociais:
Instagram: @pablodelariestra Facebook: Pablo de la Riestra
Para saber mais
Catálogo da exposição “Arquitectura colonial brasileña” de Marcos Sanchez: https://cebusal.es/publicacion_ceb/arquitectura-colonial-brasilena-fotografias-de-marcos-sanchez/
Centro Niemeyer de Avilés: https://www.centroniemeyer.es
Fundação Oscar Niemeyer: https://www.oscarniemeyer.org.br