O Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Salamanca oferece, no próximo dia 11 de março, às 12h, a conferência “1958: O boom brasileiro, ou a ‘brasilianização’ do mundo”, que será ministrada em português por Mário Higa, professor titular de Estudos Luso-Hispânicos no Middlebury College (Vermont, Estados Unidos) e professor visitante no CEB.
A conferência é dirigida à comunidade universitária e ao público interessado na cultura brasileira — em especial no cinema, na música e na literatura — e poderá ser acompanhada presencialmente no Palacio de Maldonado (Plaza de San Benito, 1) e ao vivo pelas redes sociais do CEB: Facebook e YouTube. A entrada é gratuita, sujeita à lotação do espaço.
Sobre a conferência
1958 é um marco divisor na história da cultura brasileira. Nesse ano, o Brasil emerge como um país pujante, otimista, dotado de um projeto modernizador e de uma força criativa capaz de superar a imagem de nação “exótica” e produzir obras de alcance internacional. Na música, a bossa nova; no futebol, a conquista do primeiro Mundial na Suécia e o surgimento do rei Pelé; na literatura, Jorge Amado e sua Gabriela, cravo e canela; na arquitetura, Brasília começa a expor sua silhueta; no cinema, Orfeu negro e o começo do Cinema Novo; na crítica, Antonio Candido finaliza sua Formação da literatura brasileira; na dramaturgia, a fundação do Teatro Oficina e estreias marcantes como Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri, e Os sete gatinhos, de Nelson Rodrigues; na poesia, o primeiro manifesto do movimento Concretista; no relato de testemunho, Carolina Maria de Jesus escreve seu famoso diário.
Nos anos que se seguiram a 1958, “Garota de Ipanema” se torna a segunda canção mais regravada da história, o Santos de Pelé para uma guerra na África, Orfeu negro ganha os festivais de Cannes e um Oscar, Jorge Amado é traduzido para 42 idiomas, Carolina Maria de Jesus se torna a escritora brasileira mais lida fora do Brasil ao lado de Clarice Lispector. No Brasil dessa época, diz Paulo Francis, “tudo parecia absurdamente possível”.
O que de fato fez 1958 possível? E como toda essa pujança cultural terminou? Estas são algumas das questões a ser debatidas nesta palestra.
O conferencista

Mario Higa é professor titular no Middlebury College, onde ensina cursos de língua portuguesa, literatura e cultura brasileiras. Tem estudos publicados no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa. Em 2022, publicou Modos de leitura: crítica & tradução (Ateliê), e Machado de Assis: The World Keeps Changing to Remain the Same (Tamesis). Tem trabalhos na área da ficção (O hóspede, contos, Ateliê, 2018) e na de edição crítica e comentada (Poemas reunidos de Cesário Verde, Ateliê, 2010). Atualmente, é organizador
e coautor do volume A History of the Brazilian Novel, que será publicado em 2026 por Cambridge University Press.
No ano acadêmico de 2025-2026, colabora como professor visitante no CEB.