Na quinta-feira, 7 de setembro, às 12 horas, o CEB inaugura a exposição Despertar do desatino, obra do fotógrafo brasileiro Mateus Vidigal. A mostra é parte do programa de Residência Artística de Fotografia 2023 e reune 35 imagens em preto e branco, feitas durante as manifestações populares na cidade de Brasília nos últimos sete anos.
A exposição
A exposição reune fotografias elaboradas entre 2016 e 2022. A narrativa da exposição conta várias histórias, porque as fotos foram elaboradas em diferentes momentos, e porque o autor, Mateus Vidigal, acredita na construção de outras narrativas a partir da ruptura com a linearidade dos acontecimentos.
O fotógrafo acredito na potência de criação por quem vê as imagens, não apenas por quem as fotografa. Não cree, portanto, em interpretações exclusivas, nem está interessado em dizer uma única coisa com essas fotografias. As imagens desta exposição não foram feitas com o pretexto de uma cobertura jornalística, apesar de sua formação como jornalista. Mateus Vidigal esteve no local como manifestante – inclusive sofreu um tiro de bala de borracha enquanto fazia algumas das fotos em exposição. E, justamente por não ter exatamente um compromisso com o registro jornalístico – e de não vê a imagem fotográfica estritamente como um registro – teve a plena liberdade de circular pelos movimentos sociais e pelas manifestações buscando outro tipo de imagem.
Ao responder com outra temporalidade àquela da urgência, do apelo do fato, do instante preciso dos chamados acontecimentos, o autor pôde experimentar também longas exposições, abrir brechas para o imponderável, de certo modo, deixando a própria cena e seus atores criarem os respectivos vestígios.
Muitos dos sonhos de Mateus Vidigal estão nessas imagens que conformam a exposição. Este é seu Despertar do Desatino.
O fotógrafo

Mateus Vidigal é fotógrafo e mestre em Comunicação pela Universidade de Brasília (UnB, Brasil). Na linha de pesquisa Imagem, Som e Escrita, desenvolveu a dissertação de mestrado Entre o eu e a fotografia: experiência estética como devaneio e o sistema autopoiético observador-imagem, que versa sobre a temática da experiência estética fotográfica na contemporaneidade e assume uma metodologia na qual é pesquisador e alvo da própria pesquisa. É jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da UnB e aproximou-se dos estudos sobre fotografia ainda no trabalho de conclusão do curso, em 2015. Busca uma abordagem da imagem fotográfica menos interpretativa e mais pautada por afetos, de modo a assumir o subjetivo e abraçar a experimentação da imagem como ruptura. Sua produção fotográfica deriva de influências da fotojornalismo e da fotografia documental, mas busca também propor narrativas que estejam em algum lugar para além da imagem fotográfica enquanto registro do real. Em outubro de 2019, foi contemplado por edital pela Aliança Francesa de Brasília e inaugurou a exposição solo Utopia Distopia: despertar para o sonho.

Lançada em 2014, a Residência Artística de Fotografia é o programa anual do CEB para selecionar propostas expositivas. Como parte da premiação aos projetos selecionados, o CEB oferece uma exposição física no espaço de sua Sala de exposições, com o objetivo de divulgar a produção de conhecimento sobre as iniciativas culturais que melhor transmitem suas diretrizes de promoção da cultura brasileira na Espanha.