Na próxima quarta-feira, 21 de maio, a partir das 12h, o Palácio de Maldonado recebe, no âmbito do Seminário Permanente sobre Povos e Culturas Indígenas do CEB, a conferência “Missionários e conflitos nos sertões da América portuguesa, 1683–1758”, que será ministrada em português pela professora Ane Luise Silva Mecenas Santos, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN, Brasil) e professora visitante no CEB (Universidade de Salamanca, USAL).
O evento poderá ser acompanhado presencialmente no Palácio de Maldonado (Praça de San Benito, 1) e ao vivo pelas redes sociais do CEB: Facebook e YouTube. A entrada é gratuita até o limite da lotação.
Sobre a conferência
Ao longo da segunda metade do século XVII, o processo de conquista e ocupação dos espaços coloniais se voltou para os sertões, associado à busca por minas de salitre, prata e ouro, bem como à criação de gado. Apresentada na documentação como uma expansão pelos “caminhos do interior”, essa ocupação visava construir “aldeamentos” e forjar alianças para garantir a segurança e o acesso comercial às rotas dos criadores de gado entre os estados da Bahia e do Piauí.
As ordens religiosas tinham a missão de administrar as aldeias, converter almas e fornecer mão de obra para as expedições rumo ao sertão. Os padres da Companhia de Jesus foram encarregados de administrar o povo Kiriri e, para atender às solicitações que recebiam, realizaram estudos linguísticos com o objetivo de sistematizar e padronizar as línguas locais e, assim, possibilitar a comunicação e a tão almejada conversão.
Nesta conferência será analisada a documentação jesuítica, bem como duas obras que buscaram padronizar a língua Kiriri: o Catecismo da Doutrina Christãa na Língua Brasilica da Nação Kiriri e a Arte de Grammatica da Língua Brasilica da nação Kiriri, escritas pelo padre Ludovico Vicenzo Mamiani Della Rovere e utilizadas nas aldeias de Mirandela, Saco dos Morcegos, Natuba e Geru. Assim, busca-se discutir as estratégias de conversão empregadas pelos missionários que atuaram entre os Kiriri, bem como o processo de tradução cultural que o Catecismo e a Gramática evidenciam.
Conheça Ane Mecenas
Ane Mecenas é professora de História e do Programa de Pós-Graduação em História dos Sertões da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN, Brasil). É membro da Rede de Pesquisadores da Sociedade Internacional de Estudos Jesuíticos (SIEJ), da Rede Culturas e Línguas Indígenas e da Cátedra Marquês de Pombal da Universidade Federal de Sergipe (UFS, Brasil). É também associada da Associação Nacional de História (ANPUH, Brasil) e da The Renaissance Society of America (EUA).
Coordena dois projetos financiados pelo CNPq: “Fiz aqui resenha das aldeias deste sertão: cultura escrita e guerras nas capitanias do norte da América portuguesa (XVII–XVIII)” e “O mundo do papel e os espaços de conversão nos sertões da América portuguesa (1668–1699)”. Este último é o que está sendo desenvolvido em Salamanca.
Entre suas principais publicações destacam-se os livros Trato da perpétua tormenta: a conversão Kiriri nos sertões de dentro da América portuguesa (Edise, 2020), Conquistas da fé na gentilidade brasílica: a catequese jesuítica na aldeia do Geru (1683–1758) (IOSE, 2016) e Evocação ao céu: o discurso jesuítico presente nos adornos da Igreja do Geru (2016).