
No próximo 30 de abril, a partir das 11h30, o Palácio de Maldonado acolhe, no âmbito do Seminário Permanente sobre Povos e Culturas Indígenas do CEB, a conferência “Súbditos do Gran Kan de Tartaria, judeus enclausurados, mouras encantadas… Geopolíticas mentais e orientações colonialistas sobre os indígenas”, ministradas pelo professor Sebastião Vargas (USAL).
A migração do imaginário oriental ao Novo Mundo
O “descobrimento” inaugura um período da História em que as fronteiras geográficas e mentais entre Oriente e as chamadas Índias Ocidentais se tornam difusas. Os mundos fantásticos que o imaginário europeu situava na Índia se estenderam rapidamente ao Novo Mundo.
Nesta conferência serão explorados os mitos que conformaram o imaginário europeu acerca das características do Novo Mundo e de seus habitantes. Também será abordad a “migração” das crenças em lugares e seres mitológicos desde o inacessível Oriente até o Novo Mundo, recém “descoberto”. Com a vantagem de que, este último, podia ser explorado e dominado mais facilmente. Utilizando fontes primárias (impressas e visuais) e discutindo bibliografia procedente de diferentes campos do saber (historiografia, espiritualidade, antropología e literatura), a conferência oferecerá um mapa desses topos (apenas uma ilha do arquipélago na complexa história do imaginário sobre os ameríndios), ou seja, os frequentes mecanismos de sobreposição e intercâmbio de figuras representativas que o Ocidente havia inventado e reservado para os “orientais” transferidas aos indígenas das Américas.
A conferencia está aberta ao público de forma gratuita, e é parte do curso “Saberes, culturas e povos indígenas do Brasil”, com 12 horas de duração, realizado em colaboração com o Centro de Formación Permanente da USAL. O programa completo está disponível aqui.
O conferencista

Sebastião Vargas é doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP, Brasil). Desde 2009, é professor de História da América na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN, Brasil). Forma parte do Grupo de Trabalho “Povos indígenas, autonomias e direitos coletivos”, do Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales (CLACSO) e é autor, entre outras obras, dos livros Palavras que caminham o mundo: histórias e místicas do MST e do EZLN (Rio de Janeiro, 2014); Pensamiento indígena en Nuestra América: debates y propuestas en la mesa de hoy (Ariadna Ediciones, 2018) e Indígenas e Espaços na história (Editora Cabana, 2023). Atualmente, desenvolve na Universidad de Salamanca a pesquisa “Pensamento indígena e ecologia política: circulação de ideias e perspectivas comparadas entre a América Latina e a Europa”, com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES, Brasil).