O Centro de Estudos Brasileiros organiza, de 20 a 23 de janeiro um curso sobre a Amazônia brasileira e as comunidades indígenas nos séculos XX e XXI. O programa está formado por dois seminários independentes.
Viajantes na Amazônia (1851-1985)
João Meirelles
Diretor do Instituto Peabiru (Brasil)
Datas: 20 – 21 de janeiro de 2020
Horário: 10h00 – 13h00
Descrição:
Este seminário engloba o período cronológico compreendido entre meiados do século XIX e o último quartel do século XX.
A primeira sessão abordará o trabalho daqueles brasileiros que, ao viajar à Amazônia entre 1851 e 1926, contribuiram para pensar o Brasil. Quem são e qual é o papel destes viajantes? A Comissão Científica Exploradora e Silva Coutinho, Couto de Magalhães, Golçalves Dias, Ferreira Penna, Barbosa Rodrigues, a Comissão das Linhas Telegráficas e Cândido Rondon e os escritores Euclides da Cunha e Mário de Andrade serão alguns dos protagonistas desta primeira sessão.
A segunda sessão abordará a Amazônia durante a ditadura militar brasileira (1964-1985), com destaque para o trabalho de alguns dos seus viajantes mais emblemáticos como os irmãos Villas Bôas, Antônio Callado, o irrepetível Jacques Cousteau, Burle Marx, Margareth Mee, Thiago de Mello, Claudia Andujar e Frans Krajcberg.
Povos indígenas da Amazônia em perspectiva histórica
Camila Dias
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp, Brasil)
Datas: 22 – 23 de janeiro de 2020
Horário: 10h00 – 13h00
Descrição:
Os estudos sobre a Amazônia se constituíram marginalmente e continuam ocupando essa posição diante dos grandes debates teóricos.
Por outro lado, esses estudos tiveram um grande desenvolvimento nos últimos quarentas anos, mas seus avanços ainda permanecem de certa forma restritos aos círculos dos especialistas. Como se construiu esse paradigma da marginalidade? E quais foram esses avanços? Qual a pertinência e importância atual de tomar a Amazônia como um campo de estudo? Esse seminário vai levantar algumas hipóteses para responder a essas questões em perspectiva histórica e tomando seus povos nativos referência. O seminário começará com uma reflexão historiográfica e os desafios metodológicos e teóricos dos estudos sobre essas populações. Em seguida, analisando as dinâmicas das relações estabelecidas entre indígenas e europeus no período moderno e a transformação dos nativos em trabalhadores do mercado mundial. Por fim, levantando alguns aspectos do colonialismo contemporâneo, identificando as políticas de Estado para a Amazônia durante o século XX, que usaram o paradigma da marginalidade para justificar a exploração econômica da região segundo modelo desenvolvimentista. Diante da perspectiva de um colapso ambiental terrestre precipitado pela destruição do bioma amazônico, qual o papel dos povos indígenas na defesa desse bioma? Qual o papel dos investigadores? Quais as perspectivas de estudos?
Inscrição:
As pessoas interessadas em participar devem realizar a inscrição em um ou nos dois seminários, preenchendo o formulário disponível. A inscrição é gratuita.
João Meirelles Filho é escritor e ativista socioambiental. Nascido em São Paulo, há quinze anos vive em Belém (Pará, Amazônia). Como escritor é autor de dezessete livros. Ficção: O Abridor de Letras (Record, 2017, Prêmio SESC de Literatura – Contos); e ensaios sobre a Amazônia: Grandes Expedições à Amazônia Brasileira (2 volumes, Metalivros, 2009/2011); Livro de Ouro da Amazônia (Ediouro, 2004) e Viagem à Amazônia (no prelo; para o público jovem). Como ativista socioambiental, há três décadas dirige organizações da sociedade civil, especialmente o Instituto Peabiru, dedicado aos direitos dos povos tradicionais, direitos das crianças e adolescentes, responsabilidade social corporativa, conservação e pesquisa científica.
Camila Loureiro Dias é rofessora do departamento de História da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde é também pesquisadora do Centro de Pesquisa em História Social da Cultura (Cecult) e do Centro de Pesquisa em Etnologia Indígena (CPEI). É colaboradora do Centro de Estudos Ameríndios (CEstA) e do Grupo de Pesquisa Tempo, Memória e Pertencimento, da Universidade de São Paulo (USP). Possui Graduação (2003) e Mestrado (2009) em História Social pela USP, Diplôme d’études approfondies (2006) e Doutorado (2014) em Histoire et Civilisations pela École des hautes études en sciences sociales. Foi aluna internacional da École normale supérieure de Paris (2003-2007). Organizou, junto com a antropóloga Artionka Capiberibe, o livro Os Índios na Constituição (2019), onde reúne depoimentos de militantes da mobilização pelos direitos indígenas na década de 1980 e dos ativistas contemporâneos na luta pela manutenção desses direitos. Investiga as relações entre os indígenas americanos e os Estados construídos em seus territórios originais, durante o período colonial e atualmente, com especial atenção à região da Amazônia brasileira.