Revista de Estudios Brasileños n. 29

Call for Papers – Revista de Estudios Brasileños, n.º 29

Revista de Estudios Brasileños (REB), publicada por Ediciones Universidad de Salamanca em colaboração acadêmica com a Universidade de São Paulo (USP), abre a chamada para artigos, entrevistas e resenhas para o seu número 29.

REB constitui-se como uma publicação acadêmica de referência, dinâmica e aberta a todas as pessoas interessadas na complexa realidade do Brasil, a partir da perspectiva das Humanidades, das Ciências Sociais e das Ciências Jurídicas. Como uma plataforma especializada em estudos brasileiros, e mediante a publicação de pesquisas originais, a REB tem como objetivo promover e consolidar o debate acadêmico e científico.

📅 Prazo de submissão: até 31 de agosto de 2026.

🔎 Seções da revista:

  • A Seção geral admite artigos sobre o Brasil nas áreas de Humanidades, Ciências Sociais e Jurídicas. Serão especialmente considerados os trabalhos que apresentem resultados de projetos de pesquisa originais.
  • A seção de Resenhas aceita textos sobre livros publicados nos dois últimos anos.
  • A seção de Entrevistas inclui diálogos com figuras relevantes da cultura e do brasilianismo internacional.

📌 Dossier "Relação cidade e natureza na Pan-Amazônia: análises, perspectivas e proposições de alternativas"

O próximo número contará com o dossiê “Relação cidade e natureza na Pan-Amazônia: análises, perspectivas e proposições de alternativas” coordenado pelos professores Ana Cláudia Cardoso (Universidad Federal de Pará, UFPA, Brasil) e José Carlos Matos Pereira (Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPCIS/UERJ, Brasil).

A Pan-Amazônia é uma região transnacional que abrange cerca de 7,8 milhões de km², distribuídos por oito países sul-americanos — Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela—, representando aproximadamente 60% da América do Sul. É caracterizada por uma enorme diversidade biológica, cultural e social, com presença de centenas de povos indígenas e comunidades tradicionais. Trata-se de um território estratégico para a regulação climática global, mas também marcado por tensões históricas relacionadas à exploração de recursos naturais, à expansão da fronteira econômica e à defesa de modos de vida sustentáveis.

Apesar da importância do bioma amazônico para o planeta, o conhecimento sobre as cidades na Pan-Amazônia ainda está limitado à produção de pesquisas nos oito países que a constituem. No Brasil, a pesquisa sobre a região é realizada majoritariamente em universidades públicas e institutos de pesquisa, no âmbito de campos disciplinares e perspectivas analíticas diversas. Nesse contexto, a iniciativa de reunir contribuições de todos os países em torno de um dossiê de um periódico com alcance internacional é uma proposição importante e necessária, seja para permitir que a realidade da vida cotidiana das pessoas seja melhor conhecida, seja para destacar como o fenômeno da urbanização se manifesta em uma região que ganha centralidade no debate internacional quando o foco é a sustentabilidade.

Pensar a relação sociedade e natureza é uma reflexão fundante que antecede e qualifica os debates acerca das mudanças climáticas, uma vez que as reflexões sobre a urbanização na Amazônia brasileira vêm sendo desenvolvidas há pelo menos 30 anos, com interesse crescente nos demais países da região. Tais reflexões tratam do impacto dos grandes projetos (hidrelétricas, rodovias, mineração e, mais recentemente, do agronegócio globalizado), dos conflitos socioambientais que afetam povos e comunidades tradicionais e de formulações sobre alternativas de desenvolvimento, especialmente as não estatais e não empresariais.

A chamada tem foco na produção sobre as formas de urbanização próprias dos múltiplos grupos sociais ligados à floresta, que se opõem à mercantilização da vida e da natureza, e que se reproduzem com base no bem-viver ou nos comuns. Marcadores sociais de etnicidade, gênero, racialidade, religiosidade e classe emergem como parte de uma interseccionalidade que tanto evidencia a invisibilidade e a exclusão da tomada de decisão nos setores público e privado, quanto proclama projetos alternativos de desenvolvimento e de poder, segundo a premissa de relações mais humanizadas, humanizadoras, não predatórias e não mercantis da vida e da natureza.

Aproximar pesquisas de média e longa duração, construtos teóricos e percursos empíricos, repertórios metodológicos, formulações multiescalares (que articulem macro e microescala), olhares interdisciplinares/transdisciplinares e o distanciamento das oposições binárias poderá oferecer importante contribuição analítica da Pan-Amazônia para o debate internacional sobre a relação cidade e natureza.

Esse mundo social, múltiplo, diverso e desigual pode ser abordado considerando a permeabilidade do território aos fluxos urbanos, rurais, camponeses ou de povos tradicionais, assim como as cidades enquanto nós de redes constituídas por elas e por outros tipos de assentamentos. Destacam-se os gradientes territoriais e os tipos de urbanização, viabilizados por fluxos ambivalentes (rurais e urbanos) nas bordas das cidades, nas vilas e em outras tipologias de assentamentos humanos, assim como o que acontece no interior das cidades, por meio das práticas urbanas, rurais, étnicas ou ribeirinhas, dentre outras lutas identitárias ou agendas públicas que pulsam em cidades amazônicas.

Vale assinalar que os debates sobre mudanças climáticas em curso têm valorizado os impactos das ações humanas na natureza, mas secundarizado os grupos sociais impactados pelas atividades que geram a crise climática e as suas formas de luta, resistência e experiências para enfrentar a grave situação em curso. Do mesmo modo, o tratamento das cidades assume contornos de esquecimento, embora a urbanização da sociedade, do território e da população seja um fenômeno mundial. Não tem havido interesse pelas formas variantes desse fenômeno manifestas na Pan-Amazônia, que extrapolam em muito as cidades.

Ao propor este dossiê, pretendemos mobilizar especialmente a produção intelectual da Pan-Amazônia, mas também atrair contribuições de outras partes do mundo sobre a região, para o compartilhamento de acúmulos e ensinamentos que apontem caminhos não predatórios e não exclusivamente mercantis para pensar a relação cidade e natureza.

Linhas temáticas:

  1. Proposições alternativas de desenvolvimento;
  2. Iniciativas de movimentos sociais e organizações não governamentais;
  3. Grandes projetos e ação do capital;
  4. Conflitos socioambientais;
  5. Teorias sobre cidades e urbanização na Pan-Amazônia e em suas Amazônias;
  6. Resistências invisibilizadas;
  7. Lutas identitárias e agendas públicas;
  8. Cidades e mudanças climáticas.

📌 Diretrizes para autores: [link]

✉️ Envio de trabalhos: reb@usal.es

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