Catálogo da exposição “Amazonia invisible”, do fotógrafo brasileiro Ricardo Martinelli, que corresponde ao programa de Residência Artística de Fotografia de 2024, do Centro de Estudos Brasileiros da Universidad de Salamanca.
A obra reúne mais de trinta fotografias das carvernas localizadas na região amazônica brasileira, especificamente, nos estados do Amazonas e Pará. As suas imagens nos levam a um mundo mágico e diferente, onde se combinam vestígios arqueológicos como pinturas rupestres, belas construções geológicas e uma incrível fauna e flora perfeitamente adaptadas à vida subterrânea.
As cavernas e grutas da Amazônia brasileira
No Brasil, existem aproximadamente 23 mil cavernas conhecidas e espalhadas por todo o território, mas estudos de potencialidade indicam que este número pode ultrapassar 100 mil. A região Norte, especificamente o estado do Pará, com mais de 2.800 cavernas, tornou-se o segundo estado com mais registros no país, atrás de Minas Gerais, com mais de 10 mil cavernas. Isso se deve por tratar-se de uma área pouco conhecida, vasta, de difícil acesso e que ainda esconde muitos segredos debaixo das copas das árvores.
As cavernas da Amazônia representam um fascinante, misterioso e desconhecido mundo subterrâneo, cuja beleza e complexidade rivalizam com a exuberância da floresta tropical que as abriga. Essas formações geológicas desempenham um papel crucial no ecossistema amazônico e possuem um rico potencial científico e turístico ainda pouco explorado.
O fotógrafo
Ricardo Martinelli começou nas artes visuais por influência do pai, de quem herdou a primeira câmera. Espeleólogo há 30 anos, Ricardo é membro da União Paulista de Espeleologia, atividade que o levou a conhecer cavernas em todo o território nacional como fotógrafo e especialista em mapeamento de cavernas. Participou como fotógrafo do “Projeto 32 Cavernas”, na elaboração de um dossiê de imagens para os planos de manejo espeleológicos do Alto Ribeira. Faz parte da equipe do “Projeto Luzes na escuridão”, ao lado de alguns dos mais importantes fotógrafos de caverna do mundo. Esse trabalho resultou na publicação dos livros Luzes na escuridão 1 e 2, ambos sobre patrimônio espeleológico brasileiro, e na primeira expedição para documentação sistemática das cavernas da Amazônia. Participou, ministrou e organizou cursos e exposições sobre fotografia, com imagens que foram expostas em bienais de arte fotográfica e museus, além de contribuir para publicações impressas, periódicos e mídias digitais relacionadas com diversos temas. Para o autor, a fotografia não deve ser algo apartado da realidade, mas estimular a preservação da natureza, cultura e costumes populares. A fotografia também deve provocar a reflexão sobre os nossos problemas contemporâneos para que possamos ser partícipes da solução.