Em 2003, Tomás López de la Cruz e Antonio Paiz se juntam para organizar a primeira edição do Tensamba na cidade de La Laguna, em Tenerife (Espanha). De lá para cá, são 18 anos, 18 edições, com o forte compromisso de divulgar a cultura e, especialmente, a música brasileira, no país.
Em 2021, o Tensamba comemora sua maioridade. E entre os dias 30 de setembro e 3 de outubro oferecerá uma programação presencial desafiando o atual contexto de pandemia, porém cumprindo todos os protocolos de segurança. Depois de superar a crise econômica de 2008, que destroçou setores inteiros da cultura na Espanha, e agora superando a pandemia, o Tensamba mostra a sua versão mais forte, mantendo uma oferta cultural e reivindicando (para nossa felicidade!) um espaço privilegiado para a cultura brasileira.
Nesta emissão de “O samba da minha terra”, falamos com Tomás López de la Cruz, diretor artístico do festival, quem nos conta sobre a trajetória do evento, os artistas que passaram por seus cenários e “as dores e as delícias” de preservar e divulgar a cultura brasileira na Espanha.
Começamos pelo princípio. Tomás López de la Cruz nos conta que além do amor que ele e Antonio Paiz professam pela música brasileira, havia um motivo histórico para organizar o festival na cidade de La Laguna: o Padre José de Ancheita, jesuíta, e um dos fundadores das cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, nasceu naquela localidade.
Em relação à programação, o festival busca refletir a diversidade de gêneros e estilos da música popular brasileira. Além disso, o desafio é trazer à Europa artistas renomados no Brasil, mas que ainda não tenham tido a oportunidade de tocar por aqui. Partindo do samba, passando pelo choro e chagando ao rock, pisaram nos cenários do Tensamba artistas como Joyce, Quarteto em Cy, Ed Motta, Gal Costa, Teresa Cristina, Seu Jorge, Bebel Gilberto, entre muitos outros. Mas, o Tensamba não é somente um festival musical. É um festival de cultura popular brasileira. A sua programação inclui também exposições fotográficas e conferências.
Além de “importar” grandes nomes da música brasileira, o festival também conta com artistas brasileiros (e não-brasileiros) que residem no Velho Mundo. Há muitos anos, a Espanha vem sendo o destino para muitos artistas que decidiram fixar residência no país. Esse fato permitiu que a grande variedade de expressões artísticas e musicais tipicamente brasileiras estejam sempre presente na oferta cultural do país, garantindo o seu um bom acolhimento.
Outro dado muito importante é que ao longo de seus 18 anos, Tensamba circulou por diversas cidades das Ilhas Canárias, mas também por outras cidades espanholas como Madri, Barcelona, chegando a Paris, Londres e inclusive, a São Paulo e ao Rio. Tudo isso converteu o festival no maior evento cultural dedicado à cultura brasileira fora do Brasil.
Um tema que não podia faltar no nosso bate-papo: como organizar um evento com essas características num momento tão complexo como este que estamos vivendo? A resposta de Tomás López de la Curz foi taxativa: o desafio é, em primeiro lugar, manter a cultura em tempos de crise. No caso da pandemia, soma-se a dificuldade de encontrar espaços físicos que cumpram os protocolos de segurança e que permitam a realização do evento. Nesse sentido, Tomás reconhece o importante apoio do governo de Canárias, além de entidades públicas, privadas, e da Administração local.
A edição deste ano traz nomes como Gabriel Grossi, um dos maiores instrumentistas brasileiros, além de Fabiola Socas, Gabriel Selvage e o Club Choro Tensamba, uma iniciativa criada e apoiada no âmbito do festival. Para conhecer a programação completa, recomendo visitar a página web do festival.
Agradecemos a Tomás López de la Cruz pela oportunidade da entrevista. A toda equipe do Tensamba, nossos melhores votos de um festival pra lá de bom!
Músicas no programa:
“O samba da minha terra”, Novos baianos, disco Dois momentos, de 1973.
“Redemption Song”, Gabriel Grossi, disco Re disc cover, 2021.