
Como sabem, dedicamos o último programa ao sindicalista e pioneiro na defesa à Amazônia brasileira, Chico Mendes, brutalmente assassinado em dezembro de 1988. Hoje, retomamos o tema para falar da vida de outra grande defensora do meio ambiente, talvez mais conhecida pela sua maior conquisata na política.
Nasceu em fevereiro de 1958, em Rio Branco (capital do estado do Acre) com o nome de Maria Osmarina da Silva de Souza, professora, psicopedagoga e historiadora brasileira chegou a ser senadora pelo seu estado natal, ministra do meio ambiente e candidata à presidência da República no Brasil. Estamos falando, claro, de Marina Silva.
Origen e formação
A nossa protagonista teve uma origem humilde. De fato, nasceu das mãos de sua avó, que era parteira, e durante a infância e boa parte da adolescência, viveu com a família numa casa de palafitas em Breu Velho, no seringal Bagaço, a 70 km da capital do estado amazônico do Acre. Os seus pais eram descendentes de africanos e portugueses, e tiveram 11 filhos, dos quais somente oito sobreviveram.
Em 1967, sua família se mudou primeiro a Manaus e depois a Santa Maria, no Pará, em busca de melhores condições de vida, sem muito sucesso. Em 1969, se viram obrigados a voltar ao seringal com um bilhete pago pelo antigo patrão do pai de Marina. Com somente 10 anos, a nossa protagonista começou a trabalhar na extração de borracha para ajudar a pagar a dívida da família. Cinco anos depois, já órfã de mãe e duas irmãs falecidas a causa do sarampo e malária, Marina se mudou para a zona urbana do Rio Branco para tratar de sua precária saúde (havia contraído hepatitis, mesmo que os médicos pensaram que era malaria). Lá começou a trabalhar como empregada doméstica, abandonando a sua ideia inicial de ser freira.
Assim como Chico Mendes, Marina era analfabeta. As duras condições dos seringais e a vida de muito trabalho lhe afastaram de qualquer coisa parecida a uma escola, até que com 16 anos se matriculou no Mobral, o projeto de alfabetização do regime militar. Apesar de todas as dificuldades econômicas e de que já tinha dois filhos fruto do seu primeiro casamento, a nossa protagonista conseguiu passar no vestibular e se licenciar em História na Universidade Federal do Acre em 1984. Mais tarde, se especializaria em teoria psicoanalítica e em psicopedagogia em Brasília.
Primeiros passos na política
Marina trabalhou como professora na rede de ensino secundário e logo se envolveu no movimento sindical. Foi companheira de luta de Chico Mendes, com quem fundou a Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Acre, e em 1986 se filiou ao Partido dos Trabalhadores, partido pelo qual se candidatou às eleições estaduais nesse mismo ano. Não obstante, diferentemente do seu amigo Chico, Marina teve mais sucesso nas urnas. Em 1988, ano do assassinato de Chico Mendes, foi eleita como a vereadora mais votada do município de Rio Branco, conquistando o único cargo por parte da esquerda na câmara municipal. Em 1990, conseguiu ser eleita como deputada estadual, com uma ampla maioria e pouco depois recebeu a notícia de que estava muito doente: durante o tempo que viveu no seringal, havia se contaminado com matais pesados por causa do tratamento recebido para lutar contra a leishmaniose, três hepatitis e cinco malárias.
Regressando à carreira política, em 1994, foi eleita a mais nova candidata em exercer o cardo de senadora pelo estado do Acre. Entre as mais de 100 proposições apresentadas durante esses anos, destacamos 54 projetos de lei que incluíam a criação do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal para que as distintas unidades da federação criassem em seus territórios unidades de conservação da natureza e de terras indígenas demarcadas.
Ministra do meio ambiente com Lula
Em 2002, Marina Silva foi reeleita para o cargo de senadora, mas não chegou a cumprir o mandato, porque um ano mais tarde, com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República, foi nomeada ministra do Meio Ambiente. Desde o início, Marina Silva enfrentou vários ministros da equipe do governo, convencida de que os interesses econômicos batiam de frente com seus objetivos de preservação ambiental. Certamente, dificultaram bastante. De fato, durante sua gestão, Marina Silva acabou perdendo a luta histórica contra os transgênicos e contra a usina nuclear de Angra 3, não conseguiu que a Comissão Técnica Nacional de Biosegurança, aprovada em março de 2005, tivesse o caráter ambientalista que desejava. Uma de suas divergências mais reconhecidas foi a que manteve com Roberto Mangabeira Unger, então ministro da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, instituição que se ocupava da coordenação do Plano Amazônia Sustentável em detrimento do ministerio que ela ocupava. Cinco dias depois do lançamento do Plano, em 13 de maio de 2008, Marina Silva demitiu do cargo de ministra e voltou ao Senado Federal.
Deixamos para o final, uma das partes mais interessantes da vida da nossa protagonista. Em 11 de junho de 2010, Marina Silva anunciou oficialmente a sua candidatura à presidência da República pelo Partido Verde. Enfrentava a Dilma Rousseff e a José Serra. O resultado do primeiro turno das eleições deixou surpreendidos: Marina obteve mais de 19,5 milhões de votos, aproximadamente 20% do total de votos, ocupando, assim, o terceiro lugar na disputa eleitoral, que a levou ao segundo turno. Nenhuma das enquetes prévias davam um resultado tão inesperado, que a imprensa brasileira batizou de “onda verde”… De fato, Marina se havia se transforamdo na candidata mais votada da história do Partido Verde, o que lhe deu reconhecimento internacional e fez dela um ícone para os defensores do meio ambiente. Finalmente, foi eleita Dilma Rousseff, a primeira mulher em conquistar a presidência no Brasil.
Marina Silva se apresentou novamente às eleições presidenciais em duas ocasiões (2014 e 2018) ainda que em nenhum dos casos conquistou tão bom resultado como na primeira vez.
Premiada e reconhecida em várias ocasiões pelo seu trabalho em defesa do meio ambiente e das populações originárias, Maria Silva ainda tem muito caminho por diante.
Referências:
Página oficial: https://marinasilva.org.br/
Facebook: https://www.facebook.com/marinasilva.oficial/
Youtube: https://www.youtube.com/channel/UC9uefWa6TXIPDRWGZYMcTuA