Exposição: Negra devoción

No próximo 15 de outubro, às 10h30, o Centro de Estudos Brasileiros inaugura a exposição “Negra devoción. La cosmología Bantú en las fiestas de Nuestra Señora del Rosario y de San Benito”, do fotógrafo brasileiro Marco Antonio Sá.

Cartel Marco Antonio 215.10.2017

No próximo 15 de outubro, às 10h30, o Centro de Estudos Brasileiros inaugura a exposição “Negra devoción. La cosmología Bantú en las fiestas de Nuestra Señora del Rosario y de San Benito”, com a presença do fotógrafo brasileiro Marco Antonio Sá, autor da mostra. O projeto é resultado da seleção de propostas de projetos fotográficos do programa de Residência Artística de Fotografia 2018, que o CEB organiza anualmente.

Esta exposição reune trinta fotografias realizadas em vários estados brasileiros, e mostram como a cosmologia Bantu se fez presente e se estendeu pelo Brasil. É o resultado de um trabalho que começou há mais de nove anos em Minas Gerais (Brasil) e que levou o autor a querer saber mais sobre esta emocionante devoção católica e africana que está presente em diversos pontos do país.

A história da África forma parte da história brasileira desde que os primeiros homens e mulheres do Congo e de Angola foram levados para trabalhar nas plantações de açúcar. Mais de quatro milhões de africanos chegaram ao Brasil, a maioria deles da etnia Bantu. Na verdade, foram tantos que se formou uma sociedade repleta dos costumes e do saber Bantu, que serviram de base para que as culturas de outros povos africanos, também levados como escravos, encontrassem um modo de sobreviver.
Na África central habitavam mais de quinhentos povos que compartiam a mesma raiz linguística, e que tiveram um primeiro contato com a cultura portuguesa uns quinze anos antes de que Pedro Álvares Cabral chegasse ao Brasil. Os Bantus integraram o catolicismo em suas vidas e elaboraram um curioso sistema de crenças que combinava todos os saberes. Converteram-se ao catolicismo, mas sem deixar de ser Bantu. Este catolicismo africano chegou ao Brasil com os escravos e foram organziadas irmandades sob a proteção dos Santos Negros: Nossa Senhora do Rosário, São Benito e Santa Ifigênia. Essas irmandades serviram como forma de resistência e lhes permitiram manter um mínimo de dignidade para, por exemplo, sepultar seus mortos. Celebrando seus padroeiros, coroando seus reis e rainhas, dançando e cantando como forma de oração, os Bantus conectavam com seu mundo ancestral e atualizavam as recordações trazidas da África, algo que a escravidão nunca pôde retirar-lhes (Marco Antonio Sá).
Marco Antonio Fontes de Sá nasceu no Rio de Janeiro, no dia 3 de dezembro de 1954. Engenheiro mecânico de profissão, encontrou na fotografia um modo de vida, um modo de ver e mostrar o país, centrado no povo brasileiro e na sua forma de trabalhar e comemorar. Depois de dez anos fotografando e pesquisando a cultura brasileira, matriculou-se no máster de Ciências da Religião da Pontifícia Universidade de São Paulo. Dessa forma, levou seu trabalho com a religiosidade popular ao ambiente acadêmico, transformado oficialmente na pesquisa que origina esta exposição.
A exposição estará aberta a visitação no Palácio de Maldonado (Plaza de San Benito, 1) de 15 de outubro a 14 de novembro de 2018, de segunda a sexta-feira, de 09h00 às 14h00. Entrada livre.

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