Na quarta-feira, 26 de fevereiro, às 13h00, o CEB inaugura a exposição “Itinerarios hispánicos de Gilberto Freyre”, com textos de Pablo González Velasco (USAL) e imagens e documentos proporcionados por Jamille Barbosa (Fundação Gilberto Freyre, Brasil) e do Arquivo Histórico da Universidade de Salamanca.
Os itinerários hispânicos do antropólogo brasileiro Gilberto Freyre são aqueles que foram percorridos pelo próprio autor, em sua genealogia familiar, suas viagens, sua formação e seu ideário. Itinerários transoceânicos, de ida e volta, que seus leitores também percorrem na interpretação da sua obra e da sua biografia. Freyre soube interpretar sem preconceitos a Ibéria medieval e do renascimento a partir do método do relativismo cultural do antropólogo Franz Boas e da sua perspectiva do tempo tribio onde “el pasado nunca fue, el pasado continúa”. É possível traçar os diferentes itinerários hispânicos de Freyre, em um sentido mais amplo do espanhol (entendendo o hispânico como ibérico), ao identificar a marca ibérico-medieval no nordeste brasileiro; ou ao traçar as afinidades, contrastes e possíveis futuros geopolíticos em suas interrelações hispânicas do livro O Brasileiro entre os outros hispanos; ou ao esboçar seu inovador conceito de hispanotropicologia. Para Freyre, o Brasil não só era “hispânico”, mas era o país mais hispânico de todos: duplamente hispânico. Primeiro, por ser Portugal também de cultura ibérica e, segundo, pela experiência decisiva da época “filipina” da união de coroas sob o governo de reis espanhóis. O catedrático da Universidade de Salamanca e prefeito da cidade, Alberto Navarro González, amigo do antropólogo brasileiro, escreveu que a Espanha e a universidade espanhola tinham uma dívida com Gilberto Freyre por sua enorme contribuição para visualizar e estreitar os laços culturais entre o Brasil e a Espanha. Esta exposição, que forma parte do Congresso Internacional de Ciências Sociais e Humanas. La obra de Gilberto Freyre en el marco de las Ciencias Sociales y Humanas Contemporáneas, organizado pelo CEB salda uma parte da dívida espanhola e salmantina com o antropólogo brasileiro.
A mostra estará aberta à visitação no Palácio de Maldonado, de 26 de fevereiro a 20 de março, de segunda à sexta-feria, de 09h00 às 14h00. A entrada é gratuita.