Conferência “O sequestro do tupi-guarani na formação da literatura brasileira”

Ministrada pelo Prof. Adalberto Müller, a conferência revisa a presença do tupi-guarani na literatura brasileira.
Na sexta-feira, 8 de julho, a partir das 12h00 (hora local), o CEB oferece a conferência “O sequestro do tupi-guarani na formação da literatura brasileira (momentos decisivos)”, organizada pelo Colaboratorio Europeo de Estudios Brasileños (COLEEB) e o GIR EP&B da Área de Filologia Galega e Portuguesa. A conferência será ministrada pelo Prof. Dr. Adalberto Müller (Universidade Federal Fluminense, Brasil) e com a moderação do Prof. Dr. Pedro Serra, Catedrático da área de Filologia Galega e Portuguesa e professor de literatura e cultura brasileiras.

Sobre a conferência

Apesar de ser um país com uma diversidade linguística rica (uma diversidade que alguma vez foi muito mais ampla), o Brasil fundamentou sua ideia de nação no domínio total e absoluto da língua portuguesa, escolhendo um regime de monolinguismo, que só recentemente vem sendo modificado oficialmente em algumas prefeituras (como a de São Paulo), que começaram a adotar o guarani como segunda língua oficial. A partir da perspectiva da história literária, o monolinguismo tem momentos de “crise”, e em tempos se observa que as línguas e culturas indígenas irrompem no tecido português da literatura brasileira, rompendo a malha do monolinguismo imperante. Bem pelo uso que jesuítas como Anchieta faziam do tupi (com finalidade catequética), bem pela “simpatia pelo índio” de um Basílio da Gama –que deveria ser lido novamente no contexto de uma história do etno(ge)nocídio indígena, e finalmente, bem pelo “indianismo” romântico e modernista, que exalta o indígena e a sua cultura, mas não a sua língua, exceto por “cafuzo” Gonçalves Dias, que compreende, estuda e inclui a língua “subalterna”. Não obstante, recentemente essa situação monolíngue começa a mudar, como exemplo as obras Meu tio, o Iauaretê (G. Rosa), Mar Paraguayo (Wilson Bueno) e Roça Barroca (Josely Vianna Baptista). Neste ensaio de leitura (no sentido teatral) propomos um voo rasante sobre alguns “momentos decisivos” da irrupção das línguas “subalternas” (tupi-guarani) na literatura brasileira, a partir dos quais podemos desenvolver a hipótese de uma literatura brasileira mais “inclusiva” e multilíngue. A conferência, que será ministrada em português, acontecerá no dia 8 de julho, às 12h00 (hora local) e será transmitida ao vivo através das redes sociais do CEB: Facebook e Youtube.

O conferencista

Adalberto Müller nasceu na fronteira tri(multi)língue entre o Brasil e o Paraguai. É professor associado IV de Teoria Literária na Universidade Federal Fluminense (UFF, Brasil). É pesquisador e orientador em doutorado em estudos sobre poesia, tradução literária e estudos sobre cinema. Como Visiting Fellow em Yale (2013), pesquisou os rastros do inacabado Dom Quixote de Orson Welles, nos arquivos e filmotecas americanas e europeias. Publicou vinte livros, entre ensaios, traduções e ficção, além de artigos em periódicos especializados, entre outros. As suas obras mais recentes são a tradução ao português de Poesia Completa, de Emily Dickinson (editora da UnB; editora da Unicamp, 2022) e de Partido das coisas, de Francis Ponge (ed. Iluminuras, 2022); o livro de relatos Pequena filosofia do voo (7Letras, 2021) e A imagem sob a imagem: ensaios sobre arte e literatura (Eduff, 2022). Atualmente, é Gastwissenschaftler na Universität Trier (Alemanha), com um projeto de pesquisa sobre poesia e mitos guaranis (Mbya e Kaiowa). Foto: Academia.Edu.

Fecha y hora

08/07/2022 12:00 am

Fecha de inicio

08/07/2022

Fecha de fin

08/07/2022

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